Relato- Escalada do Pico Maior de Friburgo

De: Alex Ribeiro

3 Picos

Mes amis, não costumo escrever relatos, mas na sexta passada, pude repetir uma escalada muito bonita (via Leste), numa montanha mais bonita ainda, o Pico Maior de Friburgo, junto com o grande parceiro de escalada e amigo, Alexandre Motta, que resolveu tirar uma folga do trabalho na sexta feira para escalar, bem tudo começou assim.

Quinta-feira fomos para os 3 Picos, saímos de Petrópolis as 20:30 e chegamos no início da subida para o Mascarim as 22h:45m, deixamos o carro perto da porteira e subimos a pé, pois a estrada esta em estado lastimável, mas apesar de estarmos carregando equipamento  de escalada e de camping, em 25 minutos chegamos  na casa do Mascarim (Republica 3 Picos) armamos a barraca e deixamos as coisas arrumadas pro dia seguinte. Não havíamos combinado que via iríamos escalar, só decidimos um pouco antes de dormir, e como eu não escalava o Pico Maior fazia uns quatro anos, optamos por fazer uma via nele, decidimos fazer um mix de Mateus Arnaud com Leste, iríamos pela Mateus até a metade, onde ela encosta na primeira chaminé da Leste, daí passaríamos para a Leste até o cume. Acordamos as 5h:00m e as 5h:30m já estávamos partindo na direção da Pedra. Como fazia muito tempo que não escalava o Pico Maior, acabei perdendo a entrada da trilha que leva para via Mateus Arnaud (pro Arco da Velha e Decadence também), acabamos por parar na base da Leste, depois de uma hora de caminhada. Nos equipamos, hidratamos, mandei um carbogel pra dentro pra dar energia, e as 7h:00 parti parede acima. Escalamos usando uma corda de 60m x 10.2mm, um pouco pesada, mas fomos a francesa, nas 3 primeiras enfiadas, até  a pata do cavalo, onde se tem que fazer uma longo horizontal para direita, até ai fizemos 3 enfiadas com uma só parada. Toquei pela horizontal, pulei o primeiro grampo, que seria o da 4ª parada, segui direto costurando só no grampo de cima, quando a corda acabou o Motta veio a francesa, até eu chegar no platozão, na 5ª parada da via. Montei mais uma parada (era a nossa 2ª) chamei o Motta, ele chegava, ancorava, eu soltava a segue dele, pegava as costuras e partia, tudo bem rápido. Na 6ª enfiada eu acabei tomando uns perdidos e saindo um pouco do traçado original, mas me mantive sempre próximo a linha da via, pois sempre dava pra chegar no grampo e costurar, estiquei a corda toda mais uma vez (de novo o Motta teve que vir a francesa) e parei uma enfiada abaixo da entrada para a primeira chaminé (P7). Novamente com chegada do Motta peguei os equipos e parti, mais uma vez até esticar a corda toda e mais um pouco, e o Motta ter que vir atrás. Parei na chaminé, e vim recolhendo a corda até ele chegar, aproveitei para tirar a sapatilha e fazer um lanche, beber água, como o dia não estava muito quente, dava pra ir administrando bem a água, o problema é que estava muito seco, e a sensação de boca seca era constante, Motta chegou e verificamos que tínhamos levado uma hora de escalada até primeira chaminé, ou seja, já tínhamos mandado praticamente metade da via.

Continuei guiando a via, mandei a primeira chaminé, mas quando cheguei no grampo que fica no fim dela, em vez de descer para esquerda (descer mesmo, é praticamente uma desescalada), subi a esquerda do grampo e toquei reto, numa seqüência de lances bem verticais e exposto, por uma variante que criei (acho eu) a muitos anos atrás, assim da pra esticar a corda quase toda, em vez dos 25 ou 30m que esticaria fazendo o traçado normal da via, que segue para baixo e para esquerda. Bom essa variante acaba passando por cima dos dois primeiros grampos da 10ª enfiada, então ou se passa direto ou tem que fazer uma desescalada pra chegar nos grampos, optei por tocar direto, esticando uns 15 metros mais ou menos, em caso de queda iria parar dentro da chaminé, provavelmente na base dela, mas felizmente segui seguro até o 4° grampo da 10ª enfiada, onde acabei montando a parada (num daqueles famosos e feios grampos de 3/8 com olhal pra baixo da Leste), Motta escalou a chaminé rápido, mas se enrolou um pouco na hora de seguir pelo traçado que eu tinha feito, acabou descendo pra fazer o traçado original, mas mandou bem até a parada, de novo estiquei toda a corda e mais um pouco, parei um pouco antes da chaminé, segui pela esquerda, pela variante, mais uns 15 metros e parei dentro da 2ª chaminé, montei a segurança e chamei o Motta. Guiei a 2ª chaminé, parando no grampo que tem no fim dela para puxar a mochila do Motta e meu camelbag, tênis e a sacola com meu anorak, subi mais uns metros e parei na 14ª parada, a que antecede o 1º artificial.

Motta que apesar de um pouco acima do peso, estava escalando muito bem e rápido, começava a dar sinais de cansaço, mas se manteve firme, mandei o artificial, essa enfiada pra quem não conhece é bem curta, deve ter uns 20 metros ou menos, e para num platô, já a 2 enfiadas do cume. Depois dele existe uma outra seqüência de artificial, mas bem mais fácil do que a primeira, por isso prefiro fazer em livre, deve dar um 5°, logo depois seguindo uma horizontal para esquerda, tem uma parada dupla, mas pulei ela e parei no grampo seguinte, que fica para direita depois de uma diagonal fácil. Bem chamei o Motta, e mantendo a rotina de chegar, ancorar, liberar, parti assim que ele montou minha segue, cheguei ao cume umas 10h:50m, cerca de quatro horas depois de ter iniciado a escalada. O Motta chegou uns 10 minutos depois, o dia estava muito bonito, céu azul, sem nenhuma nuvem. Na hora de descer optamos pela Via Silva Mendes, que assim como a Via Cidade dos Ventos é uma das melhores opções de descida do Pico Maior, já que pela Leste com uma corda são mais de 30 paradas pra montar rappel.

Escalar o Pico Maior é uma experiência inesquecível, fantástica, e olha que já fiz isso algumas dezenas de vezes. Espero que todos aqui possam ter essa mesma experiência.

Optei por escalar leve, levei apenas um camelbag com 1.5 litros de água, carbogel, 2 sanduiches e lanterna, o tênis foi pendurado no bauldrier, assim como o anorak que levei dentro de um saco, tipo saco de magnésio.

O rappel levou mais ou menos uma 1h:30m, mais uns 30 minutos de caminhada até o acampamento.

Quem estiver interessado em dicas pra escalar nos 3 Picos, ou pra fazer outras vias grandes, é só pedir que envio outros artigos sobre o assunto em pvt.

 



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