Relato sábado - Sensação de Êxtase (6º VIIb) + Lionel Terray

De: Claudio França

Pessoal,
 
Neste sábado fui ao contra-forte da Pedra da Gávea (setor paredão Bip Bip) fazer a via Sensação de Êxtase (6º VIIb 200 mts). Li um relato do Antônio Paulo no site da companhia da escalada a um certo tempo atrás sobre a conquista e desde então fiquei com a vontade de entrar nessa via. Então combinei com meu amigo Gabriel e partimos para a via de manha bem cedo, pois o sol bate forte naquela parede.
 
A trilha para a base é tranquila, e para todos que participaram da maratona de escaladas do Graal não haverá mistério. O início dela fica junto a rampa de vôo livre e segue descendo em direção ao colo entre a Pedra da Gávea e a Pedra Bonita, contornando a mesma po baixo. Deve-se seguir a trilha até bem próximo da chaminé Ely e, pouco antes de alcançá-la, descer por uma grota contornando a parede. Rapidamente chega-se a base da via.
 
Comecei guiando, a primeira enfiada está cotada em 5º grau com um inicio com bastante limo, porém com boas agarras e proteção melhor ainda. Alias a via é muitíssimo bem protegida, uma das vias mais bem protegidas que já fiz. Depois o final desta 1º enfiada vai ganhando uma ou outra passada de aderência. A segunda enfiada quem pegou foi o Gabriel, começa por um 6sup de agarrinhas, protegido por 3 grampos super próximos, pega-se uma rampa de de 4º grau e entra numa parte bem vertical, de força, de 6º que culmina com um tetinho que deve ser dominado, de 6sup. O domínio desse teto é um dos lances mais bacanas da via. A dica que dou é dominar subindo o pé esquerdo alto em um bico a esquerda, na virada do teto. Melhor que tentar dominar pela direita aonde-se fica sem pé, porem inicialmente pode ser mais tentador por causa dos batentes. 
A 3º enfiada foi minha, é curta porém com um lance de 7b seguido de outro de 7a. Já se sai da parada entrando no lance de 7b, bem protegido, técnico,  porém muito estranho, exigindo uma boa leitura e uma movimentadão bem interessante. Depois do lance toca-se a esquerda por alguns grampos e chega-se no 7a, que exige da mesma forma uma passada esquisita, com uma juntada de mão em uma agarra abaulada bem ruim. Depois disso a enfiada termina. Depois do teto achei esses lances os mais interessantes da via.
 
O Gabriel pegou a 4º enfiada, toda de 6º, com dois lances bem interessantes, já no final do esticão e com a grampeação já ficando um pouco mais distante, mas ainda na casa do E2/E1.  Peguei a última e 5º enfiada para guiar. No croqui dizia que começava por um 7a, e seguia em lances de 6º, porém o 7a não vi, achei que era 6º mesmo. O interessante é que está última enfiada, já no estilo aderência, tem a grampeação um pouco mais afastada, como a penúltima, diferente do padrão das 3 primeiras, porem ainda muito bem protegida. Fiquei devendo o último lance da via, para chegar na dupla, a única roubadinha da escalada. Deve-se fazer uma passada em uma agarrinha bem escrota, confiar e depois são umas duas ou três passadas com o pé chapado na parede, acreditando. Não confiei muito nessa passada e usei como apoio psicológico um tufo de mato. Só apoiei a mão nele de leve, para não derruba-lo e fui, terminando a via.
 
O sol estava matando!! Rapelamos rapidamente e terminamos a via em aproximadamente 2 hora e meia. Olhamos a Lionel, na sombra, e decidimos tocar por ela em vez de caminhar toda a trilha de volta. Rapidamente chegamos na terceira enfiada, porém ficamos presos na fila. Mais ou menos uma hora de espera, parados! Pelo menos deu para ficar curtindo o visual alucinante!
 
Dia perfeito para escalar!!
 
Bjs e abs
 
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Claudio França



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